Foi em 6 de Agosto de 1945. Cerca das 8.14 horas, vários bombardeiros B-29 da força aéra dos EUA sobrevoam Hiroshima. Um deles, o Enola Gay larga a «little boy». A primeira bomba atómica a ser usada contra alvos humanos. Um minuto depois, a cerca de dois mil pés de altitude, dá-se a explosão. Próximo do edifício do centro de exposições da industria e que hoje é designado como «a cúpula da bomba atómica». Era o centro da cidade. Num segundo, uma enorme bola de fogo atingiu um diâmetro de 280 metros. A temperatura no solo chegou aos 5 mil ºC. A 600 metros do epicentro a temperatura era de 2 mil ºC. Tudo ficou queimado. Corpos desintegraram-se. Sombras na parede. É o que restou das pessoas que foram desintegradas pela explosão. Vidros e estruturas de metal derreteram, prédios desapareceram. Mesmo a dois quilómetros de distância, desmoronaram-se edifícios de cimento armado. A onda de calor intenso emitia raios térmicos, como a radiação ultravioleta. Devastava pessoas, animais e vegetação. Houve ainda a agravante de as montanhas em volta de Hiroshima terem «devolvido» a onda de calor, atingindo mais uma vez a cidade. Um minuto depois da explosão George Marquardt tirou uma fotografia. Marquardt seguia num bombardeiro dos EUA, ao lado do Enola Gay. Segundo afirmou, a luz emanada pela bomba era tão brilhante que não conseguia ver o co-piloto, sentado ao seu lado. Deixavam para trás um cenário de devastação.
Naquela altura viviam em Hiroshima cerca de 350 mil pessoas. Estima-se que tenham morrido, na altura da explosão e nos quatro meses seguintes, 140 mil pessoas. Não apenas japoneses. Na altura, coreanos e chineses tinham sido levados para Hiroshima para trabalharem nas fábricas. Porque a explosão se deu no centro da cidade e devido à grande concentração de casas numa área de três quilómetros em volta do epicentro, cerca de 90 por cento dos prédios ficaram queimados e destruídos.
Os sobreviventes foram atingidos por radiações. Cerca de 35 mil feridos vaguearam pela cidade à procura de ajuda. No meio de cinzas, casas a arder e corpos espalhados pelo chão. No dia a seguir à explosão ainda havia focos de incêndio, apesar da queda de uma chuva preta e oleosa que continha poeira radioactiva. Esta chuva acabou por contaminar outras regiões. Quem sofreu o efeito das radiações ficou com queimaduras na pele e com alguns tecidos internos também afectados. As consequências, entre os que conseguiram sobreviver, perduraram durante longos anos. Três dias depois, esta situação repetiu-se em Nagasaki e no dia 10 de Agosto o Japão declarou a rendição. O choque provocado pela devastação causada pelas bombas atómicas perdura até aos dias de hoje. O próprio Japão assumiu uma postura contra qualquer experiência militar com recurso do nuclear e, depois da II Grande Guerra, o único conflito armado onde se envolveu foi agora, com o envio de militares para o Iraque. Hiroshima e Nagasaki, ainda hoje, sentem os efeitos das bombas. As duas cidades foram reconstruídas mas quiseram que as marcas do horror causado pelas bombas não fossem esquecidas. As memórias dos sobreviventes constituem um arquivo vivo. Monumentos, museus e memoriais continuam a lembrar o que se passou em 6 e 9 de Agosto de 1945. Todos os anos estas datas são evocadas nas duas cidades. Em Hiroshima concentram-se milhares de pessoas em frente ao mausoléu. Nas margens do rio Motoyasu são colocadas lanternas flutuantes em memória das vítimas.
Fonte: www.sapo.pt
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